domingo, 4 de agosto de 2013

Eterna Comevalp

O que fazem os jovens brasileiros nos dias do carnaval? Ou então durante todos os dias do ano? O que querem, com o que sonham, como pretendem conduzir suas vidas? Como querem ser vistos?

Aqueles que se interessam por este particular grupo social – que hoje somam, dos 10 aos 29 anos, 35 milhões de jovens no Brasil – certamente têm essas perguntas em mente, que com o passar dos anos encontraram respostas bem diferentes. Isso porque, entre 1980 – ano da primeira Comevalp – e 2013, não há como negar que as coisas mudaram, e muito. O jovem que participou do primeiro encontro, em Guaratinguetá, não vê o mesmo mundo que os jovens que em 2013 estiveram em São José dos Campos para fazer a história de mais uma Comevalp. Portanto, eles pensam diferente, vivem de maneira diferente e têm outras perspectivas em suas vidas, certo?

Vamos procurar responder a essa pergunta.

Fazemos parte de um grupo – a Equipe Doutrinária – que tem a honra de estar bem próximo aos jovens espíritas do Vale do Paraíba. Não de todos, mas de cerca de 150 jovens que compartilharam seus conhecimentos, sua alegria e energia, seus sonhos e perspectivas durante a 34ª Comevalp, que neste ano teve como sede a Obra Social Célio Lemos, em São José dos Campos.

Após um ano de preparação, chegamos ao encontro com o tema “Exílio ou renovação? É hora de mudar nossas atitudes”. A partir de então, convidamos os jovens a seguir conosco numa viagem de reflexões indispensáveis: o modelo Jesus, o mundo à nossa volta, porque nos detemos na renovação e a espiritualidade entre nós. Porque apesar da nossa intensa preparação dos estudos durante todo o ano, é somente na Comevalp, na relação direta com o jovem, é que o encontro acontece em sua plenitude, e a Comevalp passa a cumprir sua função: de ser um espaço espiritualmente distante do mundo, onde o jovem pode cultivar os melhores sentimentos que certamente existem em todos nós, somente aguardando um correto cuidado e motivação para expressar-se definitivamente. Durante os estudos todos aprendemos, somos todos alunos na grande escola que é a vida. Ontem éramos nós os jovenzinhos que aprendiam e que se encantavam com o novo mundo que a Comevalp nos mostrava. Hoje somos nós os facilitadores dessa descoberta única.

Realmente, a Comevalp mudou. No início, era um acampamento. Depois, sob muita resistência, migrou para as escolas, como é até hoje. Os jovens de ontem agora levam seus filhos para o encontro – alguns, como é o nosso caso, participam com eles. E respeitando o ciclo de vida e o arejamento das idéias, surgiu a Comevalpinha, um espaço para as crianças e seus pais, voluntários, participantes do encontro ou não. A Comevalpinha surgiu de um esforço inspirado de um pequeno grupo, mas se concretizou numa demonstração de maturidade dessa geração que sabe que a convivência familiar não é um problema, como um dia já se pensou e ainda se pensa por aí. O outro momento que demonstra essa verdade é a tarde familiar, quando todos os pais são convidados a participar dos nossos estudos, durante o domingo à tarde.

A Comevalp mudou. E o jovem? Quando falávamos de Jesus ou sobre Allan Kardec nos anos 1980, o discurso era diferente de hoje? O que o jovem buscava na Comevalp e o que espera desse encontro os jovens dos anos 2010?

Depois de 21 anos de participação nesses encontros, é possível concluir que, ao passar pelos portões da Comevalp, o jovem leva consigo uma necessidade espiritual que não tem mudado ao longo dessas três décadas, nem mesmo ao longo de séculos, pois trata-se de uma necessidade muito mais profunda do que se pode supor, que as nossas mutações científicas ou sociais ainda não conseguiram desfigurar.

Há que se concordar, porém, que o contexto em que a Comevalp se coloca mudou significativamente. A metodologia de estudos, por exemplo, é hoje muito mais elaborada. Os estudos tornaram-se multimídia, como é o universo do jovem hoje. Essa tendência foi levada ao encontro naturalmente, por quem viveu essa transição. A segunda mudança significativa é no contexto social, hoje muito mais complexo e perigoso para o jovem – vale destacar que todos os grandes problemas sociais da atualidade envolvem o jovem como algoz ou como vítima. Por isso, a Comevalp, assim como outros tantos encontros pelo Brasil, é um farol a iluminar a estrada incerta por que caminham nossos jovens no mundo atual. A decisão pelo encontro é o primeiro passo para futuras e felizes escolhas.

Nós, da Equipe Doutrinária, sabemos exatamente o que fizeram estes jovens durante os dias de Comevalp. E isso nos deixa todos muito felizes – a equipe, os pais, os jovens, nossos espíritos amigos e Ele, o Mestre, que será sempre a nossa inspiração pelas décadas que ainda nos esperam.

Escrito por ocasião da evento realizado em 2013 em São José dos Campos